domingo, 23 de março de 2014

Circo da vida

 
 
Luz tremula que tende a apagar-se.
 Visto-me de inverno.
 Aos poucos despeço-me da criança que em mim habita.
 Dou descanso a alegria
 Assino o manifesto da apatia.
 Sigo o rumo
 Sigo o caminho de mãos dadas
Com a penumbra da noite.
 Sorrio, chorando...
 Oiço os murmúrios do mar
 Oiço as vagas revoltas
 Sossegada...
 No meu canto,
 Assisto ao circo da vida.
 
 
Helena Isabel


segunda-feira, 3 de março de 2014

Volátil

 
 
 
 
A vida habitua-se
À rotina da paisagem,
Que os olhos vêem diariamente
Dou por mim a dizer que sou daqui.
Os anos insistiram
Moldaram-me o coração.
Conheço os cantos à terra
Domino os atalhos dos caminhos.
Os rostos tornaram-se familiares
Partilhamos o mesmo ar, sinto-me bem.
Existe um rio
Mas não é o meu rio
 Não são os rostos da minha infância.
Nem a pronúncia das minhas gentes.
Sei que não tenho, aqui, raízes.
Sei que sou, nesta terra, volátil
 
Helena Isabel