domingo, 29 de novembro de 2009

Anemia da vida



Sou a agonia do desespero

Trago nas vestes padrões de ansiedade.

Seta que atinge e me fere

Cada dia que passa.

Minha estrela azul

Dos meus anos de aperto, decadência

Dos dias de choro,

Lágrimas de transbordo, sonolência.

Aí! Mundo… cruel veemência

Sem ti sou nada… alma em sofrimento

Sem ti sou sangue… sem essência

Anemia da vida… porque foste tu e eu não?

Castigo o de continuar com a longevidade

Castigo o de festejar sem estares.

Vazio o caminho do destino, olhares.

Anemia da vida…a minha…sem a tua.

sábado, 28 de novembro de 2009

E agora?



Desiludi

Quem queria impressionar.

E agora?

Renascer das cinzas?

Quando tudo está queimado.

Mergulhar em águas límpidas?

Quando tudo está seco.

Respirar ar puro?

Quando a natureza acabou.

Pintar seu rosto?

Quando não existem cores

Magoei

A quem eu queria doar prazer.

Quem eu queria sorver.

Mutismo

O teu que me corta

Como o vento norte que sopra.

Zangado, magoado pela tempestade,

Castigas-me

Como se fosses Sol de Verão

Em hora de sesta

Recusas-me.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Essência



Apetece-me ouvir a tua voz

Vou sonhar com ela, vou ouvi-la

Nas águas puras de um rio a confluir na foz

Do nosso mar de amor, do nosso eterno oceano

Hei-de lá estar à tua espera, entre o rio e o mar

Hei-de ser a junção das águas, receber-te nas minhas miragens

Em meu véu prateado ao luar, cristalino para te amar

Nadaremos juntos até às margens.

Das ondas faremos… beijos, das tempestades… amor

Da acalmia… noite, da noite… dia,

Seremos espuma que beijará a areia quando à praia chegar

Seremos Natureza ao amanhecer,

Seremos Essência ao acordar!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Quero-te



És chama ausente

Que me enlouquece.

Num sonho delinquente

Que se desvanece.

Intensa dor de prazer,

Intensa respiração do meu sofrer.

Quero olhar-te!

Teu corpo de magia,

Leito do meu dia.

Quero abraçar-te!

Vulcânicas vontades

Intempéries orgásticas

Sentidas tempestades em…

Amarrar-te e dizer-te

Quero deleitar-te!

domingo, 22 de novembro de 2009

O Desejo







Sem ti meu desejo mimado

Não sei escrever, falar

Não sei cantar, sorrir.

Esqueci acção a praticar

Que verbo conjugar?

Meu mimo, requintado

Deixa-me atear-te lume

Quero dançar, para ti

Ser tua morena, tua mimada

Incendiar-te.

Sentir o desejo no teu corpo,

Queimar-te.

As minhas unhas na tua pele dançarem

Um toque de peito,

No teu… sem jeito

Ouvir-te para mim até as estrelas acordarem.



sábado, 14 de novembro de 2009

Conflito



Como podes dizer

Esquece, não chores.

Como podes dizer

Decidi não me envolver.

Quando me regas com o teu olhar,

Quando me mergulhas no teu mar

Viste-me na passerelle vaguear

E não quiseste disfarçar.

Teus vocábulos são réus,

No desejo, no sentimento.

Foste e voltaste atrás

Para mais uma vez olhar.

Eu vi, eu notei!

Senti o calor do teu querer comigo dialogar,

Vi o teu gesto, oculto, de despedida

Ouvi o murmúrio dos teus lábios

Encenarem o beijo.

Mas sobretudo vivi

O prenúncio do conflito

Do teu querer e não poder,

Do teu amar e odiar

Do teu ir e desejar ficar.



terça-feira, 10 de novembro de 2009

Beijo






À tua boca

Quero chegar...

Para poder beijar

A fantasia que nos separa!

Ecrã que nos isola.

Poemas que nos consolam.

À tua boca

Eu quero chegar...

Para num rasgo de consciência

Eu acordar.

À tua boca

Quero chegar

Para poder iniciar

O teu corpo...

Oh! Que desafio.

beijo...finito

Sem fim.

À tua boca

Quero chegar

Para te poder beijar

E sem acordar

Saltar

Beijar

Amar

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Admoestação da vida





Ai…grito ao mundo

Era eu que tinha que ter ido

Era eu que ia

Eu que te amava

Embalo os meus braços em meu redor

Eu danço, eu choro

Ai… a dor… essa dor

Balanço… danço…tango

Vinte anos a ganhar coragem

Vinte anos a fazer-me mulher

Perco-a … num minuto… na tua eternidade

Ai…arranca-me a dor de não te ter!

Vem buscar-me

O que vi…o que eu já vivi… já chega

Admoestação da vida… Eu? Balanço o meu corpo

Ao sabor do vento… tua melodia

Perto da tua lápide onde um dia

Te vi pela última vez

Vestido de madeira,

Cor de cera

Já chega… vem diluir-me

Vem sorrir-me.

domingo, 8 de novembro de 2009

Gaivota


Deixa-me voar… e ao aterrar

Abre os teus braços

Para neles descansar

Para neles divagar

Para neles ser sonho

Ser prazer

Ser tu …

E tu … gaivota…seres eu!




sexta-feira, 6 de novembro de 2009

E se a vida fosse uma amnésia?






E se a vida fosse uma amnésia?

Esquecia-me como se sofre

Esquecia-me como se chora

Quando ainda te quero… não te sinto

Quando te falo … não estás

Quando te sussurro… e não ouves

E se a vida fosse uma amnésia?

Uma amnésia social…uma amnésia cultural

E se a vida fosse aquela amnésia

Em que nos esquecêssemos do mundo

Em que nos envolvêssemos um no outro

Deixássemos o amanhã acontecer

Para ao entardecer

Mergulhar nas águas da vida

Solta o teu querer e vem morrer

Nos meus braços

Vem…vamos fazer poesia…

Contar histórias de amnésias

Bancos de jardim…sem fim

E se Amnésia fosse … tu em mim


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Demando-te


Demando-te

No interior do meu ser

Nas veias do meu saber.

Não resides

No meu corpo, sinto-te.

Não entendo,

Desejo-te!

Amizade alucinada

Chama incendiada.

Sinto falta de ti,

Cerise dos meus ensejos

Sê dono dos meus pecados

Dá-me aqueles abraços.

Pretendo sentir

Conjugações em ti

Pretéritos em mim

Quero-te aqui.


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Amor



Deixemos que o susto nos abandone

Voltemos ao namoro, ao doce do toque

Vamos escrever juntos… poemas completos

Vamos reflectir, ouvir e rir

Abraça-me nos teus braços sem fim

Acaricia-me com a tua boca… sabor a paz

Seca com as tuas encantadas mãos,

Minhas lágrimas de prazer

Toca-me, compõe-me em melodias

Escreve-me nas pautas, sinfonias

Faz do meu corpo electricidade ao entardecer

Envaidece-te de tanto prazer

Amor…amor

Volta para mim…para tudo acontecer


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Não menosprezo a minha escrita





Se escrevo ou não poesia,

Só a mim me diz respeito.

Escrevo o que trago na alma

Em realidade ou fantasia.

Escrevo tristezas, lágrimas ou alegrias

Trago no coração uma determinação

De remeter para o papel o grito da emoção.

Da caneta faço olhos, das letras sentimentos

Do papel vida, dos versos a minha escrita

Solta-se de mim de rajada ou cuidada

Não tem preço mas sim muito apreço

Por ela, todos os momentos vividos eu prezo

A minha escrita? Não a menosprezo!


domingo, 1 de novembro de 2009

São 20 anos






Sou feita de pedaços de saudade

Sou de pedaços de nada

Mármore que me aguenta

Que me mantém à deriva

Ondulação da vida, incoerente

São vinte anos de vida, aqui

São vinte anos de vida, aí

São quarenta anos de essência, sem ti

Sou feita de fragmentos intemporais

Estou entre a Terra e a Estrela

O meu lugar? Não o sei.

São vinte anos…

A minha memória visual?

Atraiçoa-me… maldição!

As recordações?

Bem presentes no meu coração.


Existes em mim



Existes em mim

(amor presente)

Deixo minha alma voar entre as letras

Meu oxigénio literário, meu ego melódico

Mancho o papel com expressões de ternura

Molho-o com tintas de paixão

Escrevo porque me alivia a dor de te querer

Existes em mim

(amor eloquente)

És Passado sonhado…presente ausente

Futuro presenteado de esperança permanente

Em ti… contemplo-me nas amargas horas do dia

Contigo…descubro-me na embriaguez nocturna

Para ti … viajo fugazmente na doce fantasia

Existes em mim

(amor prudente)

Gravo na memória momentos vividos

Encontros sonhados… reflexos apaixonados

Lembro-me do toque suave das tuas mãos… em mim

Guardo a doce melodia da tua voz… comigo

Recordo o desnudar do teu coração… para mim


In: "Ler-te" de Helena Isabel