Não identifico a estrada pela qual conduzo
Desconheço trajectos outrora delineados
Deixei de ver… o horizonte por mim pintado
O céu que sonhei…já não tem a mesma cor
O mar que olho…já não canta a mesma melodia.
As casas não estão dispostas nos mesmos lugares
Deixei de conhecer as minhas telas
As estações do ano enfraqueceram
São marca de tinta de uns quadros banais
As cores perderam o brilho…secaram
Não há óleo que as devolva à tela
Não há pincel que as transporte.
Deixei de distinguir as cores que decoram paisagens.
Aprendi a conhecer outros caminhos
Um pouco sinuosos…talvez em forma de labirinto
Mas gosto de lá conduzir…de traçar novos itinerários.
Dei outra cor…ao céu que vejo lá ao fundo do oceano
O mar…a mim… canta-me novos ritmos
As casas estão arquitectadas aos montinhos
Como se de uma cidade de sonhos se tratasse.
As estações do ano mostram paletas de belas cores
Aos pintores que por lá passam.
É lá que estás…é lá que vives…
Na terra dos sonhos descubro-te …
No mar de novos ritmos flutuo em tua direcção.
À noite… abraçada a ti…em frente das vidraças
Assistimos à história de embalar da mãe lua.
É junto a ti… que anseio alimentar meus sonhos.
É aí que quero pintar meu futuro
É aí que quero dar cor às minhas telas.
In: " Ler-te" de Helena Isabel